quinta-feira, 18 de novembro de 2010

é que quando você enterra alguém, alguma nota deve ser publicada.


Carolina dessa vez enterrou aquela flor lá, a do jarro que ficava junto a ela na tal janela. Chico ainda pode cantar que 'o tempo passou na janela'.


mas a dona foi seguir borboletas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Carolina IV

Carolina levantou sabendo que seria difícil engolir desaforos, principalmente os vindos do desgaste. Qualquer coisa tida como velha se tornava exponencialmente insuportável; já o que se enquadrava na novidade trazia o aspecto de um sorriso em algum momento, deixava abraços nas entrelinhas. 
A conduta necessária não parecia um bom padrão as 7 da manhã, muito menos as belas 11da noite; cuidar, regar, podar, crescer... isso tudo organizado, suprimia o tesão da vida como se suprime uma proposta, diminuía a dinâmica, fazia querer voltar a ficar na janela, mesmo não pertencendo mais aquele lugar. Perder o rumo seria uma boa opção, mas só as entrelinhas ainda brilham na rotina, e apagar não faz parte dela.
Um suco de uva na vontade, melodia, vermelho vivo nas flores desconhecidas, ansiedade, preguiça, um céu migrando, um verde de ensurdecer qualquer tato, uma terra com textura de cegar paixões, uma urgência que não suportava emudecer, até que grita: Um dia ainda sumo dessa Carolina!